domingo, abril 09, 2006

História de uma viagem ao Norte II

"Tudo começa verdadeiramente durante uma manhã de sexta-feira, já não me lembro em que dia, durante um “buraco” no horário escolar em que o professor de Educação Física não apareceu para nos pôr a jogar futebol, basquete, ou outras coisas que, sinceramente, não gosto mesmo nada de fazer.
Digo eu que começa “verdadeiramente”, mas o embrião da nossa pequena viagem já tinha nascido na noite anterior, durante uma conversa com os meus pais, após uma reunião na escola onde se tinha discutido a viagem de finalistas a uma estância balnear em Espanha chamada Lloret de Mar. Eu já havia afirmado o meu desejo de ir, um pouco inconsciente pois na verdade apenas ia para acompanhar os meus colegas e, por isso, ainda bem que não fui. Contudo, os meus pais tinham estado a discutir com outros progenitores os prós e contras de tal viagem e, apesar de deixarem a decisão final a mim, como sempre, expuseram opiniões que me levaram a alterar a minha (não foi preciso muito, é verdade, como já disse não tinha grande vontade de ir).
Desde o preço exorbitante até aos cartões que ofereciam bebidas grátis em quase todos os bares da zona (nunca percebi porque é que pensam que para uma pessoa se divertir tem obrigatoriamente de beber, principalmente estudantes), passando por uma história, não sei de inventada ou não, de dois namorados que foram com a sua turma num dos anos anteriores e, durante uma troca de carícias em terreno instável, caíram de uma falésia e morreram, todos os argumentos foram usados para me dissuadir da minha vontade de ir.
Então, para não ficar triste ou melancólico por não ir na viagem, os meus pais começaram a dar ideias do que fazer com o dinheiro que não iria ser gasto (a não ser uma pequena parte que dei como primeiro pagamento de 35 euros). Sugeriram-me que juntasse ao que já tinha para comprar uma câmara de filmar, ambição minha de já algum tempo. Mas essa ideia foi posta de parte quando a minha mãe me sugeriu que usasse o dinheiro numa viagem própria, para outro sítio qualquer, com pessoas que não quisessem ir a Lloret. Desde logo, fiquei com isso na cabeça e dormi a reflectir nesse pensamento.
O que me leva de novo à manhã seguinte de sexta-feira e ao tempo livre de que dispúnhamos graças à falta de Educação Física. Emparelhei-me com o Cláudio e o Antunes, ambos da minha turma e fomos dar uma volta pela rua principal.
Tanto o Cláudio como o Antunes são sujeitos curiosos, aliás, tal como toda a gente que conheço (não sei porquê). O Cláudio é um rapaz pequeno, moreno (por causa de morar na Avenida da Praia, sem dúvida) e com um semblante calmo e descontraído que (tal como eu, antes de o conhecer) pode ser interpretado como o que muitos chamariam de “cara de parvo”. Tem, no entanto, razões para exibir aquele sorriso rasgado. É a inveja de muitos colegas de turma, devido ás suas notas e a sua fantástica habilidade para compreender a matéria em estudo. Além disto, e não como seria de esperar, é também óptimo aluno a ginástica pois tem um físico impressionante que não associamos normalmente a alguém tão inteligente.
Mas, se não é o lado de esperteza nem o de desportista a sair derrotado, então é o seu lado social. Não é rapaz de sair muito, quer á noite, quer de dia. (mas quem sou eu para dizer isto)
O outro rapaz, André Antunes, é o que gosto de chamar um “gigante gentil”. Tem um tamanho e figura imponente mas não é capaz de fazer mal a uma mosca. Aliás, tem medo de um razoável número de insectos, com especial destaque para as aranhas. O seu tamanho pode leva-o a ser desastrado, por vezes e em outras alturas as pessoas podem achá-lo burro ou duro de cabeça, mas quando o conhecemos melhor, vemos que não é nada disso e até é um rapaz simpático e amigo. Era com estes dois aliados que o plano começava a tomar forma.
Apresentei-lhes a ideia de sairmos numa viagem própria, longe dos excessos de Lloret, uma vez que nenhum de nós gostava de beber álcool. Se fôssemos para lá sem a mínima intenção de nos embebedarmos seria como colocar um diabético num concurso de comer chocolate. (que metáfora tão má)
Estávamos então decididos, iríamos numa jornada alternativa. A questão: onde? Durante o nosso pequeno passeio, paramos em diversas agências de viagens e olhámos para os panfletos de vários países interessantes. Neste momento estávamos ainda decididos a ir para o estrangeiro mas depressa alguém (não me lembro quem) sugeriu um “intrarail”, uma visita ao nosso próprio país.
Ficámos a magicar nisso e começámos também a decidir quem iríamos convidar. Pensámos nas pessoas que não iriam a Lloret nem gostavam muito de beber ou grandes loucuras. Em resumo: o nosso “tipo” de pessoas. O nome da Cristiana veio imediatamente à baila. Depois o do Apolinário. Mas por enquanto, era só. Não queríamos espalhar a nossa ideia demasiado para que não tivéssemos de aturar pessoas que, sinceramente, não nos apetecia partilhar as férias. "

2 comentários:

Anónimo disse...

Eu falei em inter rail...mas na altura ninguém me ligou...pra variar!!!
Isso não é uma historia...é um documentário xD
See ya* * *

Anónimo disse...

Eu sou o teu tipo de pessoa xD
também quero ir numa volta a Portugal com compinchas =\
...