quarta-feira, abril 12, 2006

História de uma viagem ao Norte III

"Então, nesse mesmo dia, fomos falar com a Cristiana. Encontrámo-la quando regressámos à escola, no pátio. É mais uma daquelas personagens. Conheço-a há mais tempo do que o Antunes ou o Cláudio mas ela era muito diferente naquela altura. De menina boazinha passou a freak por natureza. As roupas de, bem, totó deram lugar a trajes multicoloridos e estranhas combinações. Mas o que mais se alterou foi o cabelo. Os cortes certinhos foram selvaticamente ceifados por golpes de tesoura feitos pela própria. O que restou no fim foi um penteado que lhe garantiria a entrada nos Duran Duran. Era esta a rapariga que parecia indicada para nos acompanhar. Poderia, no entanto, existir um obstáculo: a sua mãe.
A mãe da Cristiana é uma manipuladora autêntica. Em parte, isso explica as opções de moda chocantes da filha. Reza a lenda de que, certa vez, durante uma excursão de campismo da escola, sem saber para que parque da campismo seguia a filha, a mãe pegou no carro e realizou uma perseguição ao autocarro, à vista de toda a gente. Portanto, apesar de, com o tempo, este controlo sobre a filha ter diminuído um pouco (pelo menos é o que me parece), podia ainda causar dificuldades.
Felizmente, pelo que a Cristiana nos disse nesse dia, não haveria problemas dessa espécie. Aliás, se tivéssemos mantido a ideia inicial de ir para o estrangeiro, aí sim, a sua participação estaria comprometida. Assim sendo, garantiu desde logo que viria connosco. (embora, devo dizer, no caso da Cristiana, isto nem sempre é muito reconfortante. Podia fazer uma lista das vezes que já combinámos coisas e ela desmarca á última da hora)

Adiante, com mais um membro do grupo, decidi falar com o Apolinário durante uma aula de Geometria. Se não conhecem o Apolinário, imaginem um rapaz teimoso, sarcástico, egoísta e até um pouco convencido e, no entanto, praticamente impossível de não gostar dele. Prometeu que iria pensar na ideia, mas, tal como eu previa, depressa a recusou e preferiu seguir a populaça para Lloret.
Resumindo uma longa história, ocorreram muitas alterações ao grupo original de exploradores. No dia D, éramos seis. O Cláudio havia desistido por motivos que me são alheios e tinham-se juntado a mim, ao Antunes e à Cristiana mais três raparigas. A Sara, grande amiga minha, que não tínhamos convidado antes porque ela já tinha pago algumas prestações de Lloret mas, felizmente, conseguiu reaver o dinheiro e quis vir connosco. Com ela trazia duas colegas: Vitória e Tânia.
Uma das coisas mais difíceis de decidir foi que cidades visitar. Eu, o Antunes e o Cláudio tínhamos em mente Porto, Guimarães e Braga.
E assim ficou planeado durante uma ou duas semanas. Contudo, quando se juntaram a nós a Tânia e a Vitória, vimos que esta última não podia ir ao Porto. Não me lembro das razões (ou nunca as soube), mas imediatamente Coimbra veio substituir o Porto como paragem final da nossa viagem. E, vendo bem as coisas, ainda bem porque acho que preferi visitar Coimbra.
Mesmo assim, eu só soube dos destinos fixos para a nossa expedição quando o Antunes me disse que elas (principalmente a Vitória, pois a Sara e a Cristiana sabiam tanto quanto eu) já tinham marcado pensões em cada cidade, anulando assim o nosso plano de dormir em pousadas da juventude ao longo do caminho. Mais uma vez, ainda bem que o fizeram. Não sei como é uma pousada da juventude (nunca pus os pés em nenhuma) mas, pelo que me disseram, não é muito agradável. Além disso, com excepção de Guimarães, dormi lindamente em cada quarto. As pensões eram fabulosas. Foi mais ou menos nesta altura que me apercebi que esta viagem tinha um líder e que esse líder era a Vitória."

1 comentário:

Anónimo disse...

hum giro,
Venha de lá a viagem =)