domingo, abril 16, 2006

História de uma viagem ao Norte V

"Era meio-dia e tal quando chegámos ao Porto e tínhamos até às 2 horas para apanhar o comboio para Guimarães. Primeira preocupação: tínhamos fome. A solução? Uma rodada de bifanas à moda do Porto num café perto da estação. E digo-vos uma coisa, eles sabem fazer bifanas no Porto! Se a Sara não fosse vegetariana, tinha adorado mas nem toda a gente é perfeita.
Ora bem, com o bucho cheio e vontade de andar, decidimos visitar uns sítios antigos ali perto. Subimos por uma inclinação, descemos por ruelas e passámos pelo mercado, onde cheirámos o peixe. Por fim, atingimos um ponto alto, deixámos as malas a descansar (aquelas porcarias pesam, caraças!) e maravilhámo-nos com a vista. Dali conseguia ver pelo menos uma dúzia de produtoras de vinho, cada uma com o seu placard. Claro que se olhasse para baixo e para a direita, via também os bairros degradados com pessoas suspeitas, mas já me tinham dito que o Porto é assim.
Descansámos ali um pouco e tirámos fotos (menos eu, que não levei máquina de filmar ou fotografar, em parte por medo que fosse gamada, em parte por preguiça de fotografar/filmar e em parte por achar que sou um péssimo fotógrafo/cameraman e logo não valia a pena perder tempo com isso). Segundo me contaram, parece que ou a Vitória ou a Cris foram responsáveis por danificar um corrimão de pedra (quem manda sentarem-se?).
Mais descansados, regressámos à estação por outro caminho a fim de comprar os bilhetes para Guimarães. Ao chegarmos lá, ainda houve tempo para nos separarmos. O Antunes e a Cris foram ver revistas ou qualquer coisa do género e a Sara decidiu praticar o seu conhecido hábito de se afastar sozinha sem dar sinal e deixar toda a gente preocupada. Aparentemente foi tirar fotos.
Eu? Eu acompanhei a Tânia e a Vitória na aquisição dos bilhetes, onde testemunhei mais uma conversa amigável entre esta última e o homem da bilheteira.
Depois, sentámo-nos encostados a uma parede no átrio, já todos juntos outra vez, e fizemos os possíveis para passar o tempo. Enquanto eu me assustava com o miúdo de olhar assassino que estava sentado perto de nós, a Sara fazia o “swing” com umas bolas presas em fios com fitas a voar à volta e a Cristiana praticava malabarismo. Foi mais ou menos na altura em que uma delas colocou um chapéu no chão a pedir moedas (e após uns voos rasantes à cabeça de certas pessoas com aquela coisa do swing, apesar de algumas andarem mesmo a merecer por se porem à frente), que o senhor guarda da estação, senhor muito importante, nos disse para parar com aquilo. E foi daquelas alturas em que temi que o feitio da Sara ou da Vitória as levasse a lançar algo à cabeça do agente da autoridade. Felizmente, a única coisa lançada a ele foi uma língua de fora.
Bem, bem, é claro que aconteceram mais coisas na estação de S. Bento mas não me lembro de algumas e não vos quero aborrecer com facto irrelevantes como a rapariga que parecia levar a casa inteira na mochila ou os namorados que não se despegaram durante quase toda a nossa estadia lá (e que a princípio pensei tratarem-se de duas raparigas, mas sobrevivi com a decepção). É altura de apanhar o querido comboio com destino final no berço da nação.
Tomámos os nossos lugares, comprimimos as malas e ainda houve tempo para eu fazer figura de parvo quando um idoso nos perguntou se o comboio ia para a Travagem. Eu tentei, juro que tentei ler o mapa das linhas, mas a sério, pessoal, fica aqui um aviso. Nunca me peçam direcções. Por favor. Pelo meu e vosso bem. Eu nem cá no Barreiro consigo indicar ás pessoas onde é a Avenida do Bocage. Já sabem, peçam a outro.
De qualquer forma, uma senhora de idade salvou-me do meu embaraço e parecia que, afinal, o comboio não parava na Travagem. Ou parava? Na verdade já nem me lembro. Desliguei imediatamente do assunto.
De resto, a viagem continuou tranquila. Eu, a Sara, a Vitória e a Tânia estávamos sentados todos juntos e o Antunes e a Cris estavam juntos noutro lugar (isto é um padrão comum, podem começar a suspeitar de alguma coisa entre eles). Nós os quatro conversámos sobre a escola, o namorado da Tânia, colegas meus, colegas delas, a gravidez e o exame à próstata: qual o mais doloroso? Interrompíamos a conversa para um de nós gritar: “Yellow Car”. Permitam-me explicar. É um jogo. Não olhem para mim, foram elas que o inventaram, ou pelo menos, foi a Vitória.
É o seguinte: os carros amarelos são raros, por isso, sempre que um de nós avistava um, tinha de dizer, antes dos outros: “yellow car”. Bastante simples. A Vitória parecia ter um talento inato para aquilo, por isso a sua pontuação estava sempre acima de qualquer um de nós (se é que alguém andava a tomar nota). Este jogo perseguiu-nos, juntamente com outras coisas, durante toda a semana no Norte e desconfio que ainda não me vi livre dele mesmo cá no Barreiro."

2 comentários:

Anónimo disse...

hihi que jogo fixe x) ainda o adopto lol


o/

Anónimo disse...

kd é k TU actualizas isto?!?!?